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| Maria da Conceição Evaristo de Brito (29 de novembro de 1946) |
1. “Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra, e não há quem ponha ponto final na história!”
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2. “Uma paixão profunda é a boia que me emerge. Sei que o mistério subsiste além das águas!”
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3. “O meu texto é um lugar onde as mulheres se sentem em casa!”
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4. “O que os livros escondem, as palavras ditas libertam!”
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5. “Gosto de dizer ainda que a escrita é para mim o movimento de dança-canto que o meu corpo não executou, é a senha pela qual eu acesso o mundo!”
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6. “O mar vagueia onduloso sob os meus pensamentos. A memória bravia lança o leme: recordar é preciso!”
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7. “A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio negreiro!”
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8. “A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas alheias, debaixo das trouxas, roupagens sujas dos brancos, pelo caminho empoeirado rumo à favela!”
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9. “Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância. O eco da vida-liberdade!”
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10. “Vagos desejos insinuam esperanças!”
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11. “Mastigo-me e encontro o coração de meu próprio fruto!”
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12. “A noite não adormece nos olhos das mulheres, há mais olhos que sono onde lágrimas suspensas virgulam o lapso de nossas molhadas lembranças!”
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13. “Quando meus pés abrandarem na marcha, por favor, não me forcem!”
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14. “E o silêncio escapou ferindo a ordenança e hoje o anverso da mudez é a nudez do nosso gritante verso que se quer livre!”
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15. “Hoje, a escrita da mulher negra não tem essa função de adormecer a Casa Grande. Pelo contrário, é uma escrita que incomoda, que perturba!”
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16. “Na face do velho as rugas são letras, palavras escritas na carne, abecedário do viver!”
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17. “Na face do jovem o frescor da pele e o brilho dos olhos são dúvidas!”
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18. “Eu não nasci rodeada de livros e, sim, rodeada de palavras!”
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19. “Quando eu morder a palavra, por favor, não me apressem, quero mascar, rasgar entre os dentes, a pele, os ossos, o tutano do verbo, para assim versejar o âmago das coisas!”
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20. “Não gosto do termo intolerância, vejo isso como uma dificuldade de conviver com o outro, mas prefiro acreditar que a crueldade não é inata e, sim, adquirida!”
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