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| Miguel Reale (6 de novembro de 1910 - 14 de abril de 2006) |
1. “Não de luz, mas de sombra são meus versos, humildes desajustados!”
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2. “Embrenhei-me na selva dos sentidos à procura de um espelho!”
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3. “Que pretensão de sermos uma ponte entrelaçando gerações!”
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4. “Ciúme do bem... As chaves hesitantes na mão trêmula!”
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5. “A muito custo reprimi o impulso, de me ajoelhar ao diálogo dos sinos e me quedei, pálido de espanto, não me ajoelhando com os peregrinos!”
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6. “O chilrar de pássaros implumes vibrando no riso das crianças, a surpresa da mão trêmula quando descobre um ninho!”
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7. “Chegarmos, peregrinos cegos, junto ao muro das lágrimas iguais!”
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8. “Mal chegando até os lábios frios, o reprimido impulso de uma prece!”
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9. “Mistério infiltrado nas frestas do quotidiano abrindo um leque de esperanças e cuidados, como a do marujo que, ao avistar a terra, vê-se preso de súbito temor!”
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10. “Com a saudade dos entes que perdemos, vamos tecendo os fios da existência e de repente damos conta disso, como quem surpreende a própria idade, nas rugas ou nas mãos de um velho amigo!”
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11. “Que ilusão de sermos segmento da sonhada trajetória!”
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12. “O surpreendente em nossa trajetória, é percebermos, ao galgar um cume, que só nos resta o espelho da memória!”
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13. “Talvez sejamos contas de um rosário de amor e morte, que os dedos trêmulos desfiam!”
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14. “Guiando-se o nauta só pela estrela, rumo à enseada plácida e noturna na intimidade côncava do tempo!”
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15. “Ensimesmar-se é então falar sem verbo!”
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16. “Vivemos e, quanto mais os anos passam, mais nosso ser é o ser dos encantados!”
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17. “Quando a existência chega a uma curva, que nada nos aponta no caminho, a glória conquistada fica turva, a coroa ferindo mais que o espinho!”
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18. “A suave alegria que toda tarde se renova ao abrir a porta de meu lar, o perfume instintivo guia oculto ao longo de meus passos!”
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19. “É muito tarde, nem há mais púlpito ou monge que o proclame, para que as horas voltem à sua fonte, na comunhão dos homens e dos deuses!”
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20. “Ter saudade de erros e perigos e até da injúria em horas desiguais, é como repisar filmes antigos, sem gosto de viver tempos atuais!”
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* Miguel Reale foi membro da ABL - Academia Brasileira de Letras, cadeira 14 (Patrono: Franklin Távora - Fundador: Clóvis Beviláqua).
