![]() |
Darcy Ribeiro (26 de outubro de 1922 - 17 de fevereiro de 1997) |
1. “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca!”
°°°
2. “O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade e de descaso!”
°°°
3. “A coisa mais importante para os brasileiros é inventar o Brasil que nós queremos!”
°°°
4. “Coragem: mais vale errar, se arrebentando, do que poupar-se para nada!”
°°°
5. “Admito, com toda desfaçatez, que gosto demais de mim e que me acho admirável!”
°°°
6. “Guardo em mim recordações indeléveis das brutalidades que presenciei em fazendas de minha gente mineira e por todos estes ‘brasis’, contra vaqueiros e lavradores que não esboçavam a menor reação!”
°°°
7. “De fato quando você faz aparentemente atitudes altruístas e generosas, você faz também atitudes egoístas!”
°°°
8. “Presente, passado e futuro? Tolice. Não existem. A vida é uma ponte interminável. Vai-se construindo e destruindo. O que vai ficando para trás com o passado é a morte!”
°°°
9. “A revolução que pregamos é para outra gente, eu não sei qual; de fato, para gente nenhuma. Mentindo, disfarçando, servimos é ao sistema, fielmente. Viva a ordem de merda!”
°°°
10. “A mais terrível de nossas heranças, é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos!”
°°°
11. “É uma fauna esquisita. Aqui tenho cara de todo bicho. No plano moral somos ainda menos gente!”
°°°
12. “Trago Minas Gerais no peito. Minas me dói, demais, de ser como é. Dói tanto que morro de raiva. O diabo é que, quanto mais odeio, mais me comovo. Deve ser isso que me faz solene quando penso Minas. Mais ainda quando escrevo. Nós mineiros nos ufanamos, contentes, de ser gente das alterosas, mas em Minas não tem nenhum morro maior do mundo. Sequer um pico de altura assinalável, tem. Temos é serranias demais. Elas nos cercam por todo lado, tapando horizontes, limitando o mundo e o povo!”
°°°
13. “Nas décadas do achamento, descoberta ou invasão do Brasil, surgiram descrições cada vez mais minuciosas das novas terras. Assim, elas iam sendo apropriadas pelo invasor também pelo conhecimento de seus rios e matas, povos, bichos e duendes!”
°°°
14. “O povo enquanto nação não surgiu no Brasil da evolução de formas anteriores de sociabilidade, em que grupos humanos se estruturam em classes opostas, mas se conjugam para atender às suas necessidades de sobrevivência e progresso!”
°°°
15. “Creio que nenhum livro se completa. O autor sempre pode continuar, por um tempo indefinido, sem retomá-lo. O que ocorre é que a gente se cansa do livro, apenas isto, e nesse momento o dá por concluído. Não tenho muita certeza, mas suspeito que comigo é assim!”
°°°
16. “Os índios escravos do século XVII e o gado do século XVIII, sendo ambos mercadorias que podiam transportar-se a si próprias ao mercado, por mais longínquo que fosse e através de qualquer caminho ou vereda, dariam ao extremo Sul condições econômicas de vincular-se com o Norte e com o centro do Brasil!”
°°°
17. “Nós intelectuais, nas palavras de discursos literários, somos esquerdistas pra inglês ver. O desencontro é total. Nossa vanguarda lúcida, fiel a seu povo, não existe. O povo brasileiro está órfão. É um corpo sem cabeça!”
°°°
18. “No Brasil, nenhuma terra se desperdiça com o povo que se ia gerando. De toda ela se apropria a classe dominante, menos para uso, porque é demasiada demais, mas a fim de obrigar os gentios subjugados a trabalhar em terra alheia. Nenhuma liberdade se consente, também, porque se trata com hereges a catequizar, livrando-os da perdição eterna!”
°°°
19. “A minha autobiografia é inventada, uma vida que eu até poderia ter vivido se tivesse ficado em Minas!”
°°°
20. “Mestrado é só para mostrar que o sujeito é alfabetizado, pois a metade dos que estão na universidade não sabem ler!”
°°°
* Darcy Ribeiro foi membro da ABL - Academia Brasileira de Letras, cadeira 11 (Patrono: Fagundes Varella - Fundador: Lúcio de Mendonça).