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| Mário de Sá-Carneiro (19 de maio de 1890 - 26 de abril de 1916) |
1. “Perdi-me dentro de mim, porque eu era labirinto; e hoje quando, me sinto, é com saudade de mim!”
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2. “A minha alma não se angustia apenas, a minha alma sangra!”
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3. “Morto para a vida e para os sonhos, nada podendo já esperar, eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência!”
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4. “De forma que gastar tempo é hoje o único fim da minha existência deserta!”
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5. “Mas hoje já não sei com que sonhos me robustecer. Acastelei os maiores, eles próprios me fartaram: são sempre os mesmos, é impossível achar outros!”
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6. “Só depois de satisfazer os meus desejos, posso realmente sentir aquilo que os provocou!”
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7. “As minhas reminiscências de todas às noites são as mais tênues!”
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8. “Eu, por mais que me esforce, nunca poderei retribuir nenhum afeto: afetos não se materializam dentro de mim!”
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9. “Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!”
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10. “Se viajo, se escrevo, se vivo, numa palavra, creia-me: é só para consumir instantes!”
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11. “A verdade, por consequência, é que as minhas próprias ternuras, nunca as senti, apenas as adivinhei!”
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12. “Vejo cerradas as mãos de herói, sem fé, acovardadas, que puseram grades sobre os precipícios!”
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13. “Quando eu morrer batam em latas, rompam aos saltos e aos pinotes, façam estalar no ar chicotes, chamem palhaços e acrobatas. Que o meu caixão vá sobre um burro... A um morto nada se recusa, eu quero por força ir de burro!”
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14. “Sim, a minha pobre alma anda morta de sono, e não a deixam dormir!”
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15. “Há qualquer coisa que eu vejo, não posso abranger; qualquer coisa que eu apalpo, e não posso sentir... Sou um desgraçado... um grande desgraçado, acredite!”
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16. “A minha coragem seria a de dizer toda a verdade, ainda quando ela não fosse verossímil!”
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17. “Somos todos álcool... Álcool que nos esvai em lume que nos arde!”
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18. “É curioso: sou um isolado que conhece meio mundo... Nos próprios meios onde me tenho embrenhado, não sei por que me senti sempre um estranho!”
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19. “Morte, que mistérios encerras? Ninguém o sabe. Todos o podem saber. Basta ir ao teu encontro!”
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20. “Permaneci, mas já não me sou!”
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